Logicalis CIO Survey 2017 mostra que os CIOs realmente estão em busca da transformação digital de suas empresas, mas que vêm alcançando progresso limitado.
Uma enorme reformulação da infraestrutura deve ser combinada com mudanças culturais se as organizações quiserem aproveitar os benefícios da transformação digital. Esta foi a principal descoberta da Logicalis CIO Survey 2017, estudo realizado pela Logicalis com 790 líderes de TI de grandes empresas de todo o mundo.
O estudo mostra que os CIOs realmente estão em busca da transformação digital de suas empresas, mas que vêm alcançando apenas um progresso limitado. Na prática, apenas 5% dos entrevistados se consideram inovadores digitais, enquanto 49% definem suas organizações como parte de uma "maioria pioneira". Não houve uma mudança significativa em comparação aos números do ano passado – a verdade é a maioria dos CIOs vê suas próprias organizações como parcialmente digitais.
Fundamentalmente, eles contextualizam as visões bastante cautelosas com uma avaliação realista e pragmática dos obstáculos contra a transformação digital – e são seus ambiciosos planos de superação que dão origem ao tríptico que parece ser a única resposta possível para quem busca a digitalização dos negócios: “simplificar, assegurar e engajar”.
Para quase metade (44%) dos entrevistados pela CIO Survey deste ano, tecnologias legadas complexas constituem a principal barreira contra a transformação digital. Ou seja, a tarefa de manter e gerenciar esses ambientes complexos é árdua. Portanto, complexidade legada não só desacelera ou impede projetos digitais, mas também impede o foco em atividades estratégicas.
E os CIOs percebem isso com muita clareza, assim como compreendem a urgência de simplificar sistemas existentes – 51% disseram planejar adaptar ou substituir infraestruturas existentes como forma de acelerar a transformação digital. Assim, não é difícil prever que esses executivos devem utilizar mais serviços em nuvem e terceirizando mais funções de TI como meio de simplificar e passar adiante um pouco do fardo gerencial associado a eles.
Também não surpreende ver segurança na lista das prioridades do CIO no atual cenário das ameaças virtuais – assim como não é surpresa ver ransomware no topo da lista de preocupações, segundo 71% dos entrevistados
Porém, o que surpreende um pouco é o fato de que um a cada três líderes admite que preocupações com segurança levam ao corte ou cancelamento de projetos de TI – um fato que deve, certamente, amplificar o impacto das questões de segurança na transformação digital.
Com isso em mente, é natural que tantos CIOs (31%) vejam o aumento de investimentos em segurança como essencial para a transformação digital. Tenho poucas dúvidas, frente a isso, de que o foco dos CIOs em segurança deve resultar em um aumento na demanda por soluções de segurança multicamadas, capazes de defender contra uma gama de ameaças virtuais em constante evolução.
Talvez a parte mais interessante da pesquisa seja descobrir que os CIOs vêem a cultura organizacional como principal barreira contra a transformação digital. Isto é, a tecnologia legada traz consigo um relacionamento legado entre o negócio e a tecnologia, um senso de “separação” incompatível com um modelo digital que coloca a tecnologia no centro de todos os aspectos do negócio.
Para resolver essa questão, os CIOs pretendem engajar as áreas de negócios e incentivar mudanças culturais. Eles querem (e precisam, talvez) ser os embaixadores digitais criadores de um novo relacionamento entre negócio e tecnologia, e propiciar um ambiente onde a transformação digital possa prosperar.
Mas os desafios continuam, e analytics é um bom exemplo. Em 2015, 63% dos CIOs classificaram os sistemas de análise como “muito importante” ou “essenciais” para impulsionar inovação nos negócios.
Dois anos depois, permanecem os mesmos obstáculos para que esses projetos funcionem: sistemas complexos e silos de dados, assim como (falta de) engajamento de negócios – a ausência de instruções claras do negócio sobre o que deve vir das análises ainda é um problema para 41% dos CIOs.
Hoje, 54% dos CIOs estão trabalhando com colegas das áreas de negócios para definir exigências, e 38% estão criando grupos de trabalho para desfazer complexidades. Os planos de abordagem de analytics sugerem que os CIOs estão se adaptando bem às mudanças de ambiente para TI de negócios, uma questão inicialmente destacada em 2015. A grande questão é se serão bem-sucedidos ao replicar a abordagem conforme buscam aproveitar os benefícios de uma transformação digital mais ampla.
No meu ponto de vista, os CIOs precisam buscar ajuda externamente. A maioria diz dedicar entre 60% e 80% do seu tempo no gerenciamento diário da TI – um problema que, por si só, já constitui uma barreira contra a mudança. Isso ocorre, parcialmente, devido ao fato de que muito ainda é responsabilidade da equipe interna: apenas 25% terceiriza 50% ou mais das atividades de TI. Se os CIOs conseguirem se libertar da rotina diária, certamente será mais fácil se tornarem transformadores digitais, e não gerenciadores.
Leia a Logicalis Global CIO Survey 2017-2018 na íntegra aqui