Postado em 04 de Agosto de 2020

As metodologias ágeis e o DevOps mostram um novo modelo para desenhar e entregar TI, baseado na cocriação para gerar valor.

No início dos anos 2000, o Manifesto Ágil trouxe uma nova perspectiva para gestão de projetos, especialmente os relacionados com a tecnologia de informação. É um modelo de trabalho que defende princípios diferentes do modo mais tradicional, popularmente conhecido como waterfall (em cascata).

Isso significa que, ao invés de ficar um bom tempo construindo o produto, sem qualquer tipo de validação, a melhor maneira de se criar é interativa, ou seja, trabalhar em conjunto com o cliente, ouvi-lo primeiro, para criar valor em conjunto, e receber seus constantemente feedbacks. Assim, todos os envolvidos podem opinar e modificar o produto enquanto ele vai sendo construído. Ao fim da entrega, o usuário ou cliente não pode dizer que não era bem o que ele queria, tampouco joga-se fora um trabalho de meses.

Os modelos ágeis foram criados para o desenvolvimento de softwares, mas estão sendo aplicados em outros ramos da indústria, como infraestrutura e serviços gerenciados. A sua adoção em larga escala vai redefinir o mercado, tanto sob o viés do cliente, quanto de fornecedores. Mas existem alguns desafios a serem superados e o principal deles é a cultura interna das organizações.

Integração dos times

O DevOps nada mais é do que montar um time multidisciplinar que vai definir os requisitos para se trabalhar em conjunto. A ideia é que, no fim do dia, todos os integrantes de diferentes equipes estejam orientados pelo mesmo objetivo e tenham um método para guiar as atividades. Essa característica de pessoas com visões diferentes construindo juntas é enriquecedora, mas, claro, ainda sobram algumas rusgas.

O DevOps e as metodologias ágeis encerram quedas de braço entre times de infraestrutura e programação, por exemplo, permitindo que essas pessoas trabalhem juntas de maneira mais harmônica. O que acelerou a sua adoção foi a computação em nuvem, que tornou o acesso a hardware praticamente infinito, sendo que a configuração de um servidor nunca foi tão fácil e rápida.

Mas, essa mudança de cultura não acontece de uma hora para outra. É preciso investir em treinamento, explicar mais os princípios do que os detalhes das diferentes abordagens, como o ITIL 4.0, SCRUM, Extreme Project Management, entre outras.

Vale dizer também que o modelo ágil sozinho não vai resolver todos os problemas. É preciso ter um método rigoroso, mas não engessado. Caso o contrário, gasta-se mais tempo com controle do que execução. Outro ponto, é que as metodologias não servem para todas as operações - algumas tarefas podem e devem ser executadas no modo tradicional.

Vantagens para o cliente

O método ágil traz algumas vantagens bem claras. A validação dos trabalhos ao longo da execução tira o efeito surpresa, ou seja, quando a entrega não corresponde à expectativa. O modelo se vende como mais ágil e eficiente (e realmente é), diminuindo o Time to Market, ou seja, o tempo para conceber um produto e colocá-lo à venda.

Mas, o contratante de serviços gerenciados precisa ser mais engajado e ativo na cadeia de decisão. Eu noto cada vez mais essa vontade de integração entre as partes. Uma mudança que reflete até em políticas comerciais.

O processo tradicional de compra em TI sempre foi baseado em cotação, shortlist e o famoso ponto de função. A proposta agora é outra, é ter as entregas feitas em etapas. O cliente é parte integrante do grupo de SCRUM ou do time DevOps. Ele deve não só validar as atividades, mas participar e construir junto uma história.

É verdade que existem desafios e adaptações de lado a lado. Mas a premissa de juntar um time de colaboradores altamente qualificados em prol do mesmo objetivo traz bons frutos. Se todo mundo está enfrentando ‘a mesma encrenca’, a geração de valor tende a ser mais rica, com um maior alinhamento das informações e expectativas, briefings mais corretos, entregas mais certeiras, feedbacks mais assertivos.

Essa transição é uma tendência natural, mas não é fácil. No entanto, sinto que os clientes já encaram como válida a proposta quando entendem a abordagem. Acredito que essa mudança de cultura acontecerá aos poucos, de etapa em etapa, com times interagindo para operar em conjunto e a evolução aconteça de fato.

Comentários

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Mas existem alguns desafios a serem superados e o principal deles é a cultura interna das organizações.</p> <p><strong>Integração dos times</strong></p> <p>O DevOps nada mais é do que montar um time multidisciplinar que vai definir os requisitos para se trabalhar em conjunto. A ideia é que, no fim do dia, todos os integrantes de diferentes equipes estejam orientados pelo mesmo objetivo e tenham um método para guiar as atividades. Essa característica de pessoas com visões diferentes construindo juntas é enriquecedora, mas, claro, ainda sobram algumas rusgas.</p> <p>O DevOps e as metodologias ágeis encerram quedas de braço entre times de infraestrutura e programação, por exemplo, permitindo que essas pessoas trabalhem juntas de maneira mais harmônica. O que acelerou a sua adoção foi a computação em nuvem, que tornou o acesso a hardware praticamente infinito, sendo que a configuração de um servidor nunca foi tão fácil e rápida.</p> <p>Mas, essa mudança de cultura não acontece de uma hora para outra. É preciso investir em treinamento, explicar mais os princípios do que os detalhes das diferentes abordagens, como o ITIL 4.0, SCRUM, Extreme Project Management, entre outras.</p> <p>Vale dizer também que o modelo ágil sozinho não vai resolver todos os problemas. É preciso ter um método rigoroso, mas não engessado. Caso o contrário, gasta-se mais tempo com controle do que execução. Outro ponto, é que as metodologias não servem para todas as operações - algumas tarefas podem e devem ser executadas no modo tradicional.</p> <p><strong>Vantagens para o cliente</strong></p> <p>O método ágil traz algumas vantagens bem claras. A validação dos trabalhos ao longo da execução tira o efeito surpresa, ou seja, quando a entrega não corresponde à expectativa. O modelo se vende como mais ágil e eficiente (e realmente é), diminuindo o Time to Market, ou seja, o tempo para conceber um produto e colocá-lo à venda.</p> <p>Mas, o contratante de serviços gerenciados precisa ser mais engajado e ativo na cadeia de decisão. Eu noto cada vez mais essa vontade de integração entre as partes. Uma mudança que reflete até em políticas comerciais.</p> <p>O processo tradicional de compra em TI sempre foi baseado em cotação, shortlist e o famoso ponto de função. A proposta agora é outra, é ter as entregas feitas em etapas. O cliente é parte integrante do grupo de SCRUM ou do time DevOps. Ele deve não só validar as atividades, mas participar e construir junto uma história.</p> <p>É verdade que existem desafios e adaptações de lado a lado. Mas a premissa de juntar um time de colaboradores altamente qualificados em prol do mesmo objetivo traz bons frutos. Se todo mundo está enfrentando ‘a mesma encrenca’, a geração de valor tende a ser mais rica, com um maior alinhamento das informações e expectativas, briefings mais corretos, entregas mais certeiras, feedbacks mais assertivos.</p> <p>Essa transição é uma tendência natural, mas não é fácil. No entanto, sinto que os clientes já encaram como válida a proposta quando entendem a abordagem. Acredito que essa mudança de cultura acontecerá aos poucos, de etapa em etapa, com times interagindo para operar em conjunto e a evolução aconteça de fato.</p>}, id=post_body, name=post_body, type=rich_text, label=Blog Content}])