Por Allan Aparecido e Wellington Assis, especialista em Networking na Logicalis e Technical Solutions Architect de Enterprise Networks na Cisco, respectivamente
Quem trabalha com monitoramento de redes sabe o quanto o uso de protocolos de monitoramento legados, como os SNMP (Simple Network Management Protocol), evoluiu nos últimos anos. Mas a tendência é que ele caia em desuso, perdendo espaço para o uso da Inteligência Artificial (IA) que, ao que parece, promete transformar completamente o que entendemos hoje como gerenciamento de rede.
Uma das fraquezas dos protocolos legados é justamente enxergar os elementos da rede individualmente, sem contexto. É como se ele enxergasse a árvore, mas não floresta. Isso significa que ele é capaz de identificar uma falha e gerar um ticket para sua correção, mas, mesmo com um analista dedicado acompanhando, as soluções baseadas em SNMP não são capazes de verificar – 24x7 - se estes tickets são recorrentes e o que fazer para eliminá-los.
E a revolução está justamente aí. O uso da IA permite que as soluções de monitoramento de redes tomem decisões baseadas em padrões e correlacionem eventos. Voltando ao exemplo: ela vê as árvores e a floresta e isso gera uma série de novas possiblidades. Com o uso de filtros que analisem a correlação de eventos, as soluções baseadas em IA reúnem informações e criam resumos que permitem aos analistas definirem a relevância do que está exposto ali. E isso não é pouco. Reunir estas informações é algo custoso de se obter e o que temos visto é o fornecimento de dados, em dias, que antes levariam meses para serem obtidos em análises manuais, e isso com um índice de erros significativamente menor.
Na prática, o que temos observamos são soluções que contam com uma camada de IA capaz de receber um volume absurdo de dados, analisar os padrões contidos ali e fornecer aos analistas – que continuam necessários – as informações que eles precisam para tomar decisões em relação àquele padrão. É desta forma que estas soluções têm permitido corrigir falhas e restabelecer redes de forma mais ágil, muitas vezes reduzindo o trabalho de dias para minutos.
Isso é possível porque, com o uso do SNMP, quando havia um problema de segurança cada membro do time deveria analisar um componente. Algumas vezes, todos eles tinham que se trancar em uma sala de guerra para analisar o que estava acontecendo. Com a IA, a estrutura de rede está sempre em observação, o que inclui também o gerenciamento de desempenho. Isso significa identificar também internet lenta ou uma experiência negativa dos usuários.
Além do monitoramento, o uso da IA vem permitindo também a automatização de tarefas. Um exemplo: no passado, todos os equipamentos tinham que ser atualizados manualmente, em um processo sujeito a erros. A automação de tarefas, ao contrário, permite a utilização de um orquestrador que utiliza padrões de configuração para cada tipo de uso ou ambiente, o que significa mais agilidade na atualização e, mais uma vez, a eliminação de eventuais falhas humanas. As vantagens estão claras, mas a utilização de soluções que contem com IA é parte de uma jornada que, obviamente, pela atualização dos ambientes de rede com equipamentos que sejam compatíveis com os protocolos utilizados por estas soluções. A boa notícia é que os equipamentos mais recentes já trazem embarcados os softwares necessários para fazer esta integração.
Um exemplo é o Cisco Networking Cloud, solução oferecida pela Logicalis em parceria com a Cisco. Ela conta com duas ferramentas: a Meraki, voltada para clientes que busquem soluções em nuvem; e o DNA/Catalyst Center, para aqueles que preferem soluções on-premises. Ambas atuam como o cérebro operacional da infraestrutura, centralizando as funções que comentamos anteriormente e utilizando recursos de IA para isso. E para quem ainda dúvida dos benefícios que a IA pode trazer ao gerenciamento de rede, alguns resultados que vem sendo obtidos até aqui mostram o que esperar de seu desempenho:
- 67% de redução no tempo de configuração da rede;
- 80% de melhoria na resolução de problemas;
- 48% de redução do impacto de brechas de segurança
- 61% de redução de custo operacional.
Está claro que a IA é um componente que vai auxiliar, e muito, a tarefa de gerenciamento de redes, assim como está claro que isso vai exigir um grau de maturidade e conhecimento tanto da empresa quando dos profissionais envolvidos, mas o momento não poderia ser melhor. A tecnologia ainda está engatinhando e o pior, agora, é ignorá-la, porque o crescimento virá e será exponencial.
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