Uma semana em Ribeirão Preto, na AGRISHOW, me permitiu enxergar algumas novas facetas relacionadas ao desenvolvimento de IoT: existe um potencial enorme de evolução com a internet das coisas, pelo fato de o maquinário já ser extremamente automatizado, mas o uso de seu pleno potencial ainda é limitado por barreiras tão básicas como a conectividade.
O maquinhário realiza uma rica coleta e análise de dados, mas ela não pode ser utilizada em tempo real por falta de conexão de dados, limitando uma série de ações e melhora de produtividade. É um obstáculo básico, mas não simples: o equacionamento dos benefícios da conectividade no campo, tanto quanto a responsabilidade por prover a conexão, não estão muito claros ainda. De fato, uma coisa leva à outra, quando o valor desta conectividade ficar mais explícito, não vai faltar gente interessada em investir de maneira mais maciça.
Estes desafios específicos do setor se somam a algumas barreiras de adoção que identificamos no IoT Snapshot, o estudo que desenvolvemos sobre o mercado brasileiro de internet das coisas. De maneira geral, a principal barreira de adoção parece ser tão básica e ao mesmo tempo tão complexa quanto o que chamamos de "distanciamento". Em “distanciamento” agrupamos respostas como "segmento pouco demandador de IoT", "não há demanda/dependência de IoT", "pouca informação ", dentre outras respostas similares. Analisando mais profundamente as respostas, esse distanciamento, que em uma primeira análise poderia indicar apenas uma baixa demanda por IoT, traz à tona questões bem mais críticas.
Uma das características da internet das coisas é a aproximação e intensificação de questões como sensoriamento, análise de dados (inclusive com predição), automação e inteligência artificial, dentre outras, de segmentos de mercado pouco habituados com tecnologia (ex. agronegócio) e de áreas de negócio também pouco habituadas a estas tecnologias, como Marketing, Logística etc. Enfim, uma aproximação da tecnologia dos negócios da empresa – a tão falada transformação digital.
Se a internet das coisas tem seu uso associado a áreas de negócio e permeará a estratégia de negócios da empresa, é muito provável que não haja demandas como "precisamos urgentemente de um projeto de IoT". É mais provável que as empresas perguntem "o que as novas tecnologias podem fazer para melhorar nosso entendimento sobre o comportamento do comprador?", ou "o que podemos fazer para melhorar a rastreabilidade dos nossos produtos ou da nossa frota?". Ou seja, não vai existir demanda explícita por IoT nas empresas.
Essa aproximação também deixa à mostra o desafio já muito discutido de o gestor de TI se aproximar dos negócios da empresa – caso não haja essa aproximação, a TI "tradicional" se torna uma coadjuvante e muitas oportunidades serão desperdiçadas.
As oportunidades estão aí, mas nos parece que esforços consideráveis, sejam eles em infraestrutura ou mudança cultural, precisam ser feitos para colhermos os melhores frutos.
Acessem IoT Snapshot para esta e outras análises.