Postado em 31 de Maio de 2022

A análise dos resultados do IoT Snapshot 2022 nos permite diversas discussões, mas a primeira, que foi e continua sendo um dos principais objetivos do estudo, é o acompanhamento da adoção de internet das coisas. No Brasil, foi possível observar uma evolução significativa no nível de adoção de IoT, com mais da metade dos respondentes (57%) indicando ter algum projeto de piloto ou solução em operação - sendo 36% deles com soluções em processo de roll-out, ou seja, a IoT está acontecendo na prática! E se formos considerar as dificuldades enfrentadas pelas organizações devido à pandemia, essa evolução é bem significativa.

Por outro lado, quando avaliamos os desafios que podem ter feito com que esse ritmo de adoção não fosse maior, encontramos barreiras bastante relevantes. O primeiro desafio mais citado, indicado por 44% dos respondentes, é a dificuldade de justificativa financeira dos projetos de internet das coisas. Se por um o cálculo dos benefícios tangíveis que as organizações esperam com IoT exige análises complexas, por outro, as discussões sugerem que IoT já entrou para a caixa de ferramentas que os executivos podem se utilizar para resolver seus desafios de negócios – afinal de contas, a justificativa financeira é um desafio comum dos projetos de TI.

Outro desafio, que também não é característico só de IoT, mas nem por isso deixa de ser complexo, é a questão de mudança cultural. No Brasil, 33% dos respondentes indicaram aspectos da cultura organizacional como um ponto crítico - este tópico merece especial atenção porque a internet das coisas, de maneira sinérgica com os movimentos de transformação digital, cobre os elos da cadeia de valor das empresas de maneira bem abrangente. Essa maior cobertura – a TI realmente transformando as organizações – amplia a possibilidade de busca de benefícios, mas também aumenta o estresse transformacional nas equipes, ou seja, mais gente sendo afetada pelas mudanças e, por consequência, maior possibilidade de resistência.

É comum falar que as melhorias de tecnologia dependem das pessoas – com IoT isso é totalmente crítico. Mas será que é isso mesmo? Resgatando a primeira edição da pesquisa, de 2016, o desafio mais citado foi uma consolidação de respostas que chamamos de “distanciamento”: os respondentes afirmaram que o segmento em que estavam não demandava IoT, que não havia demandas por soluções, dentre outras respostas relacionadas ao baixo interesse e conhecimento do conceito de IoT. Em 5 a 6 anos, o cenário mudou bastante.

A importância das pessoas

Adicionando mais um fator à importância da gestão de pessoas, a capacitação dos profissionais nas tecnologias relacionadas a IoT continua sendo um grande desafio para as organizações. Dentre diversos campos de conhecimento necessários à gestão de soluções de internet das coisas, alguns apresentam gaps muito relevantes quanto à existência de equipes preparadas.

Enquanto para conectividade os respondentes indicaram que 80% das equipes estão preparadas ou muito preparadas, para os temas de plataforma de IoT e aplicações esses números caem para 22% e 20%, respectivamente. No que diz respeito a inteligência artificial, apenas 15% dos respondentes indicaram que as equipes estão prontas para trabalhar no tema.

Seja na preparação das equipes da empresa para a gestão de mudança e transformação, seja na preparação dos times de tecnologia para a implantação e operação das soluções de IoT, os assuntos envolvendo pessoas se mostram crítico para o sucesso das iniciativas.

A convergência com o 5G

Outro aspecto de grande interesse que pudemos analisar no relatório foi a convergência da IoT com o 5G. As expectativas de avanço da IoT com o 5G são grandes e há uma fundamentação bem razoável, pois os 3 pilares do 5G (conexões massivas, velocidade de conexão e baixa latência) são muito relevantes para possíveis aplicações de IoT.

A gestão de grande quantidade de sensores, atuadores e devices, aplicações que dependem de vídeo, além de serviços de resposta muito rápida se beneficiam do 5G e, consequentemente, as empresas podem ter uma melhor gestão de drones, transmissão de vídeos em alta definição, telemedicina, dentre outros exemplos.

Mas o uso do 5G ainda parece ser um tema de média prioridade para os gestores e executivos no momento atual, com 40% dos respondentes no Brasil com expectativas entre média e alta. Já em uma perspectiva futura, em 3 a 5 anos, esse nível sobe para 76% de executivos vendo maior prioridade. E a busca por aplicações (os “killers applications”), o tempo de implantação de infra para prestação de serviço e o próprio entendimento da tecnologia podem ser fatores que posicionam essa expectativa para um momento posterior.

Outras análises e discussões

O estudo ainda cobre diversos outros temas, como setores e aplicações com níveis de adoção mais elevados, expectativas de benefícios e investimento, a relação entre IoT e as práticas e áreas de inovação nas empresas, dentre outros. O tema parece estar se desenvolvendo rapidamente, com grandes oportunidades, mas também ainda com muito trabalho a ser feito. Leiam o estudo e preparem-se para a jornada.

Comentários

Deixe seu comentário ou dúvida abaixo, lembrando que os comentários são de responsabilidade do autor e não expressam a opinião desta editoria. A Logicalis, editora do blog Digitizeme, reserva-se o direito de excluir mensagens que sejam consideradas ofensivas ou desrespeitem a legislação civil brasileira.

(String: {{item.spotify_link}})

(SizeLimitingPyList: [])