Postado em 18 de Julho de 2023

*Por Allan Aparecido e Thiago Domokos, especialista sênior e coordenador de Networking, respectivamente

Não é novidade que a chegada de tecnologias como a WiFi 6 e 5G deve impulsionar uma série de casos de uso disruptivos em setores como indústria, transportes, agronegócio, entre outras. Muitas delas já estão testando, ou mesmo colocando em prática, aplicações baseadas em IoT (Internet das Coisas), cloud computing, IA (Inteligência Artificial), realidade aumentada e realidade virtual, para ficar em alguns dos exemplos mais comuns.  

Ao mesmo tempo em que testam e descobrem novas aplicações, muitas empresas apresentam dúvidas sobre uma ou outra tecnologia, questionando qual a melhor tecnologia sem fio para fornecer conectividade a estas aplicações. Não são raros os casos de empresas que já contam com redes WiFi e demonstram interesse em migrar para o 5G, mesmo sem ter aplicativos preparados para esta tecnologia e sem levar em conta que a infraestrutura necessária, apesar da menor densidade, é mais cara. O fato é que não se trata de escolher entre uma ou outra, mas de entender as características de cada uma e a demanda de cada aplicação.  

Vamos lembrar que o 5G é o serviço de banda larga celular de quinta geração que está se tornando disponível em todo o mundo, seja por meio das operadoras móveis ou pela implantação de redes privadas. Já o WiFi 6 é o padrão sem fio amplamente implantado e conhecido para redes locais. Em comparação com as gerações anteriores, ambos são mais rápidos, oferecem latência reduzida e maior capacidade, além de outros recursos avançados.  

A pergunta que deve ser feita na hora de dimensionar um projeto não é qual a melhor tecnologia entre as duas, mas qual delas se aplica melhor ao negócio. Isso porque, na prática, as redes WiFi 6 e 5G são complementares. Um exemplo de utilização das duas tecnologias em sinergia é a aplicação do 5G em áreas externas, móveis e fora dos escritórios e o uso da WiFi 6 em áreas internas, fixas e dentro dos escritórios.  

Em ambientes industriais também é possível fazer a composição com ambas as tecnologias, lembrando que os dispositivos finais para 5G ainda estão em fase de maturação e penetração no mercado e, no caso do WiFi, já há notebooks e equipamentos prontos. As empresas precisam ter claro qual a melhor aplicação para fazer o investimento.  

Para a escolha, há que se levar em conta as características de cada uma. As redes 5G, por exemplo, estão abrindo um leque com mais inovação – como a possibilidade de construir redes privadas – enquanto a tecnologia WiFi continua oferecendo o mesmo, só que com mais velocidade. Justamente por isso, no entanto, o WiFi 6 suporta toda a tecnologia legada da empresa, o que não ocorre com o 5G.  

Outro ponto importante é o roaming. O WiFi 6 tem um raio de cobertura de access points infinitamente menor do que de uma antena de telefonia, por isso seu roaming é mais comum em ambientes corporativos. Por outro lado, o WiFi não seria efetivo em um trem bala porque a tecnologia não foi feita para trabalhar com essa velocidade de transição, ao contrário do que ocorre com o 5G.  

É bom ter claro que as duas tecnologias não concorrem, podendo ser complementares ou utilizadas individualmente. Em um ambiente corporativo, por exemplo, é muito mais fácil colocar access points do que antenas de operadoras. Em alguns casos, as operadoras se dispõem a colocar, não para concorrer, mas para dar acesso.  

Quando se abre um pouco mais o leque, o que se vê são ambientes urbanos – principalmente em áreas externas – onde o 5G vai levar uma vantagem muito maior. Isso porque o WiFi 6 exige um nível de sinal muito forte em duas vias, o que transforma as antenas, mesmo com potência alta, em gargalos, exigindo um investimento muito maior para manter a velocidade. No atual contexto, cada uma tem um nicho de mercado em que será mais adequada por uma questão de design.   

As duas tecnologias são evoluções e vem crescendo juntas justamente porque precisam se equalizar. Aplicativos com o Uber, iFood, Waze, todos eles vieram depois do 4G porque não havia velocidade e baixas latências na tecnologia 3G. No mesmo movimento, eles são utilizados no WiFi em ambientes corporativos. Por isso não é coincidência que a nova versão de uma seja acompanhada de uma nova versão de outra.   

Para escolher entre uma e outra deve, é preciso levar em conta fatores como custo, frequência (o 5G é licenciada e o WiFi é livre); e velocidade, que vai depender muito da quantidade e qualidade de clientes associados.  Outro fator a ser considerado é a segurança, pois embora ambas tenham criptografias entre os usuários e suas antenas, há alguma vantagem para o 5G que, além de operar em um espectro licenciado, utiliza SIM Cards, que exigem um cadastro específico para funcionar; enquanto o WIFI-6 necessita que seja adotada uma configuração segura, (como WPA3) que pode não ser obrigatória; como é no caso do 5G com os SIM Cards. Outro ponto interessante é o controle de usuário. No 5G, as operadoras têm controle de roamimg e de endpoint, enquanto no WiFi, o cliente é que escolhe e configura a rede.  

O que as empresas precisam saber é que as duas redes podem coexistir e, dependendo da aplicação, elas podem utilizar só uma ou outra, dependendo do cenário e das demandas. O que vai definir a melhor tecnologia é o cenário de utilização. 

5G

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